Depois de salvaguardadas as devidas distancias, necessárias para fazer uma avaliação de uma actividade, cá vai um relato de como correu a nossa actividade.
De que actividade estou eu a falar?
Perguntam-se vocês? “Depois do JamboreeG não havia mais actividades…”
Havia, houve e nós estivemos lá! Fomos a Drave. Eu pessoalmente gostei, pois foi a minha primeira experiência no campo nacional da IV secção. Infelizmente não tive a coragem necessária para preparar uma actividade como estas, no período de seca que os caminheiros viveram há uns anos, por isso agradeço ao João e à Vânia a oportunidade que me deram a mim como aos restantes participantes na actividade de experienciar o que de mais bonito há nos nossos montes, e neste caso, vales!
Devo admitir que no princípio andávamos “desorientados”, não perdidos, devo acrescentar, pelos montes de Drave. Quando iniciamos a nossa descida para a aldeia da Drave, tivemos momentos de sofrimento, em que os nossos carros, o meu e o do Vitor, chegaram a temer pela sua morte, pois tão íngreme e difícil era a descida, quanto a subida para a qual já nos preparávamos, enquanto apenas íamos a descer. Tínhamos que pensar cada curva com precaução pois o carro poderia não subir mais.
Mas chegados já bem perto, podíamos deixar os carros e levar a trouxa às costas.
Eu referi que era perto? Pois, estava enganado. Mais descida até a aldeia, agora a pé e com tudo as costas. Custou muito, mas com esforço e coragem dignos dos escuteiros dos Marrazes, lá conseguimos e, com orgulho, chegámos a Drave. Cansados mas chegámos. Era momento de ter alguém para nos receber, o que não chegou a acontecer. Então, pousamos as nossas coisas, sem antes dar uma vista de olhos ao campo e sem ter feito mais uma pequena subida para buscar coisas ainda perdidas no monte.
Comemos e montamos o nosso campo. Fomos mergulhar nas águas límpidas e geladas do rio que por ali corria. Refrescamo-nos e fomos comer!
Depois da bela refeição, toca de montar o campo, tendas e afins, e mais tarde, novo banho, gelado, lá esta, mas agora havia novas diversões: uma espécie de prancha onde podíamos saltar para a agua, uma pedra quentinha ao pé da cascata e até um banquinho acolhedor, dentro de agua!
Mais tarde, chegou a hora de algum trabalho.
O João e a Vânia tinham preparado uma actividade, que iríamos completar. Era o jogo do paraplégico e do cego (depois eles explicam).
Entretanto chegaram outros escuteiros, da zona do Porto, com quem trocamos impressões sobre o local, pois eles eram algo reservados. Esperavam ainda a chegada de mais alguns elementos no sábado.
Depois dos nossos jogos, era tempo de preparar o jantar, comer e ter uma espécie de fogo-conselho. No nosso jantar, tivemos a participação dos nossos amigos do “Puerto”. Nesse mesmo dia, chega o Tiago Brito, e todos subimos o monte para o ajudar a trazer as suas coisas para baixo.
No dia seguinte, era altura de ir a “Regabofe”, “Rodolfo” ou mesmo Regoufe. A partida iniciou-se devagar, pois a subida era grande e o calor da manha já nos aquecia. Chegados a um ponto onde já se via a pequena aldeia, havia uma pequena torre de pedras, construídas por alguém que ali passou. Quem sabe se não foram caminheiros que deixaram, cada um, ali a sua pedra? Eu fiz questão de deixar lá algumas minhas. Descemos então até a aldeia, cheios de sede, pois não havia água em abundância quer em Drave quer em Regoufe. Paramos então para descansar forças e comprar umas águas, para nos darem forças para visitar a aldeia e subir de novo o monte, em direcção a “casa”. A volta fez-se melhor e dali a um instante, tínhamos chegado. Fomo-nos banhar novamente e preparar o almoço. À tarde, teríamos novas actividades preparadas pelos caminheiros.
Depois do jantar e de mais um pequeno fogo-conselho, fomos para a cama, depois de um dia cansativo, o melhor é o descanso.
No terceiro dia, o sábado, era altura do serviço. Mas sem os materiais adequados e sem tarefas específicas, ficamos um pouco perdidos. Fomos dar uma grande volta pela aldeia, apanhando tudo o que podíamos apanhar que fosse lixo. Devo salientar que testemunhei a massa de que alguns caminheiros são feitos. Muito álcool, muita garrafa de vodka e cerveja que nós encontrámos. Podem vocês dizer que a aldeia é de todos e qualquer um podia fazer aquilo, e eu respondo, ninguém desce aqueles montes para ir beber umas cervejas, e quem desce não o vai fazer para tão longe do epicentro da própria aldeia. Depois de muitas fotos, muitos passos pela aldeia e muitos risos e brincadeiras, chegamos ao outro lado da aldeia, separado pelo rio onde tomámos banho. Desse lado havia algumas casas com boas condições, mostrando que afinal, os caminheiros não são todos maus, há alguns que se esforçam por dar vida àquela aldeia. Descemos, de seguida, o monte e fomos limpar a arena. Nesta altura já nos pronunciávamos sobre a realização dos objectivos propostos. Eles estavam cumpridos e era altura de voltar a casa. Por esta altura chovia, e a subida do monte ia tornar-se uma aventura inesquecível. Bem ditos carros que subiram aquele monte, com todas aquelas pedras escorregadias, todas elas a saltarem e a baterem nos carros ferindo-os a cada subida. Pelo caminho encontramos os nossos amigos do porto, com alguns problemas pois havia um desporto novo naquele monte. Os espectadores que esperavam em cada curva que um dos nossos carros tivesse algum problema. E quando tínhamos problemas, toca de ficar sentado no carro, apenas a ver, sem sequer ajudar. Para que? O mais fixe é ver os outros com problemas…Uma hora depois do inicio da nossa subida, estávamos prontos para mais uma viagem, desta vez, mesmo para as nossas casas. Algumas horas depois, estávamos cá. Cansados mas felizes!
Até à próxima, aldeia da DRAVE!